A biblioteca escolar não podia deixar de lembrar o Dia dos Namorados pelo que aqui fica um poema de um grande nome da literatura internacional.
Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.
Pablo Neruda
Um dos mais importantes poetas
chilenos do século XX. Filho de um operário e de uma
professora primária, nasceu em 12 de julho de 1904, no Chile. O seu nome verdadeiro era Neftalí Ricardo Reyes Basoalto. Ainda adolescente adotou o pseudónimo de Pablo Neruda (inspirado
no escritor checo Jan Neruda. Em 1921 radicou-se em
Santiago e estudou pedagogia em francês na Universidade
do Chile obtendo o primeiro prémio da festa da primavera com o
poema "A Canção de Festa". Posteriormente foi lançado pela Editorial Nascimento
“Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada”. Os seus poemas tomaram um rumo
modernista em 1936 tendo publicado três livros: “O Habitante e Sua Esperança”,
“Anéis” e “Tentativa do Homem Infinito”.
Em 1936 escreve "Espanha no coração" e algum tempo depois, elege-se senador. Mais tarde Neruda abriu mão da sua candidatura à presidência da república do Chile, no ano de 1973, em favor do socialista Salvador Allende, que tinha as mesmas ideologias do poeta.
Morreu em 1973 em Santiago do Chile com 69 anos.
Um poema de José Luís Peixoto um grande autor da Literatura Portuguesa e que considero que faz todo o sentido estar aqui também.
AMOR
o teu rosto à minha espera, o teu rosto
a sorrir para os meus olhos, existe um
trovão de céu sobre a montanha.
as tuas mãos são finas e claras, vês-me
sorrir, brisas incendeiam o mundo,
respiro a luz sobre as folhas da olaia.
entro nos corredores de outubro para
encontrar um abraço nos teus olhos,
este dia será sempre hoje na memória.
hoje compreendo os rios. a idade das
rochas diz-me palavras profundas,
hoje tenho o teu rosto dentro de mim.
José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"